domingo, 18 de maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Poeta castrado, não!

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Ary dos Santos

segunda-feira, 12 de maio de 2008

…LES MAINS PLEINES

… AS MÃOS CHEIAS

Aos inocentes

Se vos perguntassem, à queima-roupa
A inocência é uma virtude?
Eu cá não respondia
Tentava desconversar
Diria: «— Vossemecê já leu Cézanne?»
Algumas pessoas esquecem-se de mentir
E afirmam: «— Não faço ideia!»
Não podemos obrigá-las a todas.
Naturalmente, a inocência não é uma virtude
Porque, passado tempo, seria de desconfiar
A minha tia tinha imensas virtudes.
Ainda as tem. E ela é velha.
Os Gregos também tinham virtudes
E os Gregos não eram inocentes
Visto que guilhotinaram Sócrates.
É difícil de julgar, claro, nós não estávamos lá
Mas o mais seguro, em semelhante circunstância
É abster-nos de responder
E tentar desconversar...
Caso não se consiga, podemos sempre suicidar-nos.

[Boris Vian]

sábado, 26 de abril de 2008

O País dos Silvas...


Afinal ele vê e sente, espantoso. Claro que no mínimo é um enorme hipócrita, mas não é só, claro, serve-se do poder para favorecer a sua classe social, este Silva, Cavaco.
Mas... se não sabemos, devíamos saber que o golpe de 25 de Abril de 1974 foi elaborado, pensado e executado, pelos tais capitães, meninos da Academia, filhos do povo? Não, nada disso como mais tarde se veio a confirmar, claro que um ou outro fugiu ao combinado, mas na maioria o interesse era fugir à guerra colonial e dar o poder à burguesia moderna, mais airosa, que tinha emergido por essa Europa.
O primeiro sinal foi dado logo na madrugada do dia 25 de Abril, quando o MFA pedia insistentemente para o povo ficar em casa, ao invés de convidá-lo a participar na revolta para assim participar na vida activa dos destinos do país novo, certo? Não, foram chamar o nazi Spínola para autenticar o golpe, portanto a contra-revolução começa com os elaboradores.
Então qual é o espanto desta coisa estar como está, cada vez a abstenção vai ser maior porque as pessoas não participam, não são chamadas a participar, e quando são; veja-se a vergonha que tem sido o "psd", os militantes são chamadas a participar naquilo que é o mínimo, eleger democraticamente um líder que uma elite decide não aprovar de assalto, num verdadeiro atentado à democracia interna. Onde estamos? E a estripe dessa canalhada.? Se fosse militante daquele partido, estavam feitos comigo, quando as TVs estivessem em directo dizia-lhes e ao país o que penso deles ahahahah Enfim...

Não sei se começará em Portugal, penso que não, mas um dia acordaremos numa manhã que realmente liberte.

1º de Maio é Vermelho!
Viva a revolução!
Viva a democracia popular!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

a música

Alfredo Cunha

domingo, 20 de abril de 2008

Liberdade - Askatasuna

Dia 25 de Abril, no Marquês de Pombal, às 15 horas.
Estarei presente para dar um abraço de liberdade a quem luta por ela.

Viva a Luta do povo basco!
Independência Nacional!
Liberdade para os presos políticos!

quinta-feira, 27 de março de 2008

Porque hoje só me apetecia...

OU

Ser solidário

Ser solidário assim pr’além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E improvavelmente ser feliz

De como aqui chegar não é mister
Contar o que já sabe quem souber
O estrume em que germina a ilusão
Fecundará por certo esta canção

Ser solidário assim tão longe e perto
No coração de mim por mim aberto
Amando a inquietação que permanece
Pr’além da inquietação que me apetece

De como aqui chegar nada direi
Senão que tu já sentes o que eu sei
Apenas o momento do teu sonho
No amor intemporal que nos proponho

Ser solidário sim, por sobre a morte
Que depois dela só o tempo é forte
E a morte nunca o tempo a redime
Mas sim o amor dos homens que se exprime

De como aqui chegar não vale a pena
Já que a moral da história é tão pequena
Que nunca por vingança eu te daria
No ventre das canções sabedoria

[José Mário Branco]

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Como eu não estava em condições...

Como eu não estava em condições

de tornar os homens mais sensatos,

preferi ser feliz longe deles.

Voltaire

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

a palavra final

A Palavra final pertence ao Editor
ele tem um secretário da cultura
o Secretário tem um primeiro-ministro
o Primeiro-ministro tem um governo
o Governo tem uma polícia
a Polícia tem armas

Eu tenho um poema
o poema é um tirano
recusa assumir compromissos
no sentido estrito da palavra
é a palavra final

a neve é azul como uma laranja

[Elemér Horváth]

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

fazer sorrir...

a todos os que sorriem ainda que...